Participantes de debate na Câmara sobre a oferta de carrinhos de compra adaptados a pessoas com autismo ressaltaram a importância da medida para todas as pessoas com deficiência. A fundadora do Movimento Terapia de Mães Atípicas, Larissa Lafaiete, explicou que alguns autistas costumam adotar um comportamento chamado eloping, que é uma fuga de forma muito rápida.
Com os carrinhos adaptados, segundo disse, as mães vão poder fazer as compras de supermercado com mais segurança.“Dentro de dois minutos, autistas somem de uma forma muito rápida, ninguém encontra mais. Essa questão faz com que muitas mães não levem seus filhos a lugar nenhum, nem para os supermercados, porque não tem acessibilidade nos supermercados. Uma vez que tiver isso, os supermercados vão estar atraindo um público novo, que são as mães atípicas, as famílias atípicas, e todos vão ganhar com isso”, afirmou.
Larissa Lafaiete ressaltou ainda que a medida será importante para a toda a comunidade de pessoas com deficiência, como as mães de crianças com paralisia cerebral, por exemplo.
Autor do requerimento para a realização da audiência pública na Comissão dos Direitos das Pessoas com Deficiência, o deputado Glaustin da Fokus (Pode-GO) destacou que, de acordo com as pesquisas atuais, de cada 33 crianças que nascem uma será diagnosticada com autismo. Nesse contexto, para o deputado, oferecer acessibilidade é questão de responsabilidade social.
“Oferecer carinhos de compras adaptados é um passo crucial para tornar os estabelecimentos comerciais mais acessíveis e inclusivos. Não se trata de apenas mais uma obrigação legal, mas uma oportunidade de demonstrar compromisso com a responsabilidade social e a inclusão”, ressaltou.
Glaustin da Fokus é relator do projeto ( PL 2982/22 ) que obriga os supermercados e estabelecimentos similares a oferecer carrinhos adaptados a pessoas com autismo. Pelo texto, da deputada Renata Abreu (Pode-SP), todo estabelecimento com mil metros quadrados ou mais deverá ter pelo menos 5% de carrinhos adaptados.
Para o vice-presidente Jurídico da Associação Brasileira de supermercados, Maurício Ungari, no entanto, esse porcentual de 5% é muito elevado. O representante dos supermercados argumentou que, no Brasil, estima-se que existam entre dois e três milhões de pessoas com autismo, o que representaria um pouco mais de 1% da população do País. Com isso, defende que boa parte dos carrinhos adaptados ficaria ociosa.
Já a deputada Erika Kokay (PT-DF) ressaltou a importância de que o projeto estabeleça sanções para os supermercados que não oferecerem os carrinhos adaptados. Do contrário, na opinião da parlamentar, a lei não será efetiva.