Foi realizada nesta quarta-feira, 12/6, a primeira etapa da operação de queima controlada de vegetação em áreas próximas à Floresta Estadual do Noroeste Paulista (FENP). As atividades, coordenadas pelo Corpo de Bombeiros, ocorreram no período da manhã e fazem parte dos esforços do Comitê Gestor de Prevenção às Queimadas de São José do Rio Preto para proteger a unidade de conservação de incêndios. Dentro da área florestal, de 379 hectares, está demarcada ainda outra unidade de conservação, a Estação Ecológica do Noroeste Paulista (EENP).
A operação visa eliminar vegetação seca sem valor ambiental em uma área de 49 hectares dentro de uma região chamada de zona de amortecimento, território em que a atividade humana é limitada, a fim de proteger as unidades de conservação. Essas faixas livres de vegetação são chamadas de aceiros. Quando criadas por meio do uso de fogo, recebem o nome de aceiro negro.
"A queima prescrita é a aplicação do fogo de maneira planejada, controlada e monitorada, diferentemente de um incêndio, que não é planejado e não tem controle. A finalidade dessa técnica é a preservação da biodiversidade, a diminuição de gases de efeito estufa e a redução da incidência e severidade de incêndios nas florestas”, explica o major PM Ibrahim Nagib Karam Junior, do Corpo de Bombeiros. Ele destaca que a operação é cuidadosamente planejada: “Levamos em conta fatores como temperatura, velocidade do vento, umidade relativa do ar e quantidade de dias sem chuva. Após o planejamento, realizamos uma vistoria no local para garantir que não há pessoas presentes. Em seguida, isolamos a área e molhamos as redondezas, utilizando caminhões de bombeiro e o apoio do Helicóptero Águia da Polícia Militar.”
O trabalho foi acompanhado por outras instituições que integram o comitê de prevenção, como a Polícia Ambiental. “É importante pontuar que já tivemos incêndios que ocasionaram perda significativa de vegetação nas nossas unidades de conservação. Então fazemos esses aceiros para proteger a área florestal no período de estiagem mais severa, que vai de julho a setembro”, afirma o capitão da polícia Ambiental, Emerson Mioransi.
O diretor da Defesa Civil de Rio Preto e coordenador do comitê de prevenção, coronel Carlos Lamin, reforça que este é um trabalho permanente: “Quando o prefeito Edinho Araújo voltou a ser chefe do Executivo municipal, em 2017, ele determinou a criação de um comitê de prevenção, o que foi efetivado por meio do Plano de Contingência para Prevenção e Combate a Queimadas, publicado em 2020 por meio de Decreto Municipal. Ou seja: é uma estratégia que tem força de lei e deve ser feita de maneira contínua.”
Na primeira fase, a técnica foi aplicada em uma área que pertence ao Parque Tecnológico de Rio Preto e faz parte da zona de amortecimento das unidades de conservação. A segunda fase da queima controlada está marcada para a próxima quarta-feira, 19/6 mas a data pode sofrer alteração em razão de aspectos climáticos.
Considerado uma estratégia eficaz na prevenção de incêndios, o manejo integrado do fogo (MIF) foi utilizado pela primeira vez no entorno da floresta estadual em 2022. Desde então, não houve registro de incêndios no território das unidades de conservação. Dentro da área da FENP, fica ainda outra unidade de conservação, a Estação Ecológica do Noroeste Paulista (EENP).
Estratégias de prevenção de incêndios florestais
Manejo integrado do fogo (MIF)
Abordagem que utiliza o fogo de maneira controlada e planejada para reduzir riscos de incêndios descontrolados, promove a biodiversidade e valoriza práticas tradicionais. Combina aspectos ecológicos, socioeconômicos e técnicos e envolve, por exemplo, ações educativas.
Aceiro
Faixa de terra limpa de vegetação e materiais inflamáveis, criada para impedir a propagação de fogo que poderia avançar até a área a ser preservada.
Aceiro negro
Aceiro criado através da queima controlada de vegetação, eliminando mato sem valor ambiental que poderia servir de combustível para a propagação do fogo.
Queima controlada
Técnica que utiliza fogo de forma planejada e controlada em áreas delimitadas, com o objetivo de reduzir a quantidade de vegetação seca e materiais combustíveis que podem alimentar incêndios.