O bairro de Boiçucanga , na Costa Sul de São Sebastião, foi foco de visitas técnicas do Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE) da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, realizadas na semana passada, com o objetivo de realizar o treinamento de equipes da região para o levantamento de casos de tracoma. O objetivo do trabalho é a eliminação da doença como problema de saúde pública, segundo prerrogativas da Organização Mundial de Saúde (ONU).

O tracoma é uma doença ocular inflamatória crônica causada pela bactériaChlamydia trachomatise que pode levar à cegueira se não for tratada corretamente.

Para garantir a qualidade e a padronização das técnicas de entrevista, foi realizado um treinamento para as equipes de campo entre os dias 17 e 19 de outubro de 2024, abrangendo teoria e prática.

O projeto abrange uma amostra que inclui três grupos de Vigilância Epidemiológica (GVE), as de Caraguatatuba, São José dos Campos e Taubaté, e seus respectivos municípios, onde foram sorteados os domicílios para a realização do inquérito epidemiológico domiciliar.

De acordo a Secretaria de Saúde (SESAU) de São Sebastião, 26 casas foram visitadas em Boiçucanga. Deste total, 10 estavam fechadas no momento da visita. Ao todo, 44 moradores passaram por exame externo ocular para diagnóstico da doença. Entre estes, 18 crianças de um a nove anos. Outros 38 exames de acuidade visual também foram realizados.

O bairro de Maresias também recebeu a visita, mas, devido às chuvas, apenas quatro domicílios foram contemplados, nos quais 10 moradores passaram por avaliação, sendo destes quatro crianças de um ano a nove anos e outros sete exames de acuidade visual foram feitos.

Ainda segundo a SESAU, todos os moradores que estavam ausentes serão reavaliados na próxima visita. Dentre os pacientes examinados, não foram encontrados casos de tracoma, mas foram diagnosticados moradores com baixa acuidade visual, que precisarão de encaminhamento junto a especialista.

Segundo o diretor técnico do CVE, Victor de Carvalho, a OMS propõe a eliminação do tracoma como problema de saúde pública e orienta o levantamento de situações de tracoma ativo com o objetivo de estimar a prevalência da doença, sob todas as formas nas residências dos municípios da área considerada prioritária.

“Será realizado um inquérito de base domiciliar em uma amostra de crianças de um a nove anos de idade. A amostragem será realizada por conglomerados, onde a unidade amostral é o domicílio. Os domicílios incluídos na amostra serão visitados para realização de exame ocular externo de todos os residentes. Será realizado tratamento dos casos de tracoma ativo e dos domiciliares com antibiótico e acompanhamento segundo orientações da OMS”, explica o diretor.

Os objetivos do projeto são eliminar o tracoma como problema de saúde pública no Estado de São Paulo até 2030; intensificar as atividades de vigilância epidemiológica e controle do tracoma no Estado de São Paulo para pleitear a validação de eliminação do tracoma como problema de saúde pública, junto à OMS  e conhecer a situação epidemiológica de todas as formas clínicas da doença nas áreas de risco para a implementação das atividades de tratamento e controle dos casos de tracoma inflamatório e encaminhamento para cirurgia em casos específicos.

Desde o início do projeto, em 2019, foram conduzidos dois treinamentos específicos no GVE de Caraguatatuba, além de diversos outros treinamentos realizados em formato virtual. Esses treinamentos focaram tanto na entrevista, preenchimento do questionário, abordagem dos moradores e proposta do projeto, quanto na condução dos exames de acuidade visual, assegurando que todos os profissionais estivessem preparados para a execução das atividades conforme os protocolos estabelecidos. Também foram realizados treinamentos de repadronização do diagnóstico clínico de tracoma para os examinadores já padronizados.

Segundo o diretor, algumas ações estão previstas como resultado destas visitas. Em primeiro lugar, os moradores com baixa acuidade visual serão encaminhados para acompanhamento com especialistas para avaliação e possível tratamento. Além disso, uma nova rodada de visitas será realizada para reavaliar os moradores ausentes e as casas que estavam fechadas, garantindo que todos os indivíduos amostrados sejam examinados.

Todas estas ações visam completar o inquérito e fortalecer o monitoramento da saúde ocular na comunidade, além de consolidar os dados para comprovar a eliminação do tracoma como problema de saúde pública.

#PraTodosVerem: Imagens mostram equipe do Estado em visita técnica em Boiçucanga, realizando exames de visão. Fim da descrição.